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Qual a relação?

O questionamento acerca da beleza permeia as civilizações há séculos. Em todo o tempo, filósofos vêm tentando explicar o por que nos conectamos tanto com ela e qual a sua necessidade. O que sabemos é que ela tem sido essencial para a civilização nesses mais de 2 mil anos.

Nossa geração voltada para o consumo certamente questiona qual a utilidade da beleza, porque enaltece a utilidade e funcionalidade das coisas, negando e depreciando o belo.

O filósofo e escritor inglês Roger Scruton diz: “priorize a utilidade e você a perderá, priorize a beleza, e o que você construir será útil para sempre.”

De fato, a beleza não tem uma utilidade prática e palpável, assim como o amor, mas nós, seres humanos, não possuímos apenas necessidades físicas como comer e dormir, mas também temos necessidades espirituais como a religião e a contemplação da beleza, e se ignoramos tais necessidades, entramos em um grande deserto espiritual, alerta Scruton.

Para ele, nós estamos perdendo a beleza, e existe o perigo que, com isso, percamos o sentido da vida.

Os grandes artistas do passado estavam cientes de que a vida humana traz consigo o sofrimento, e como solução utilizavam a beleza, através da arte.

Uma bela obra de arte comunica a alegria em meio ao caos, mas a cultura pós-moderna tem pouco a pouco destruído o conceito do belo, e nos ensinando que “tudo é arte, até mesmo um mictório”.

Mas qual a conexão entre o belo e o divino?

No passado, os artistas se dedicavam a representar figuras sagradas como a Virgem Maria e Jesus Cristo, a serviço da Igreja. Posteriormente o homem passou a ser o tema e o centro das representações artísticas, em seguida ele sai de cena e se torna mero figurante de paisagens bucólicas e naturais. O que veio depois disso foi uma grande lástima, tanto na arte quanto na arquitetura, através do futurismo, surrealismo, dadaísmo, concretismo, entre outras manifestações da arte moderna.

Certa vez em uma entrevista, o pintor e escultor francês Marcel Duchamp, visto por muitos como um grande inventor, afirmou que seu objetivo era contribuir com o descrédito da arte, porque se livrando da arte, muitos se livrariam também da religião.

Buscando explicações acerca do que é belo, alguns pensadores entenderam que a arte nos conecta com o sagrado.

Platão afirmava que a beleza era um caminho para o divino, e assim também diz Scruton: “Uma forma de vislumbrar esta esfera divina daqui de baixo, é através da beleza”.

Quando observamos uma obra como a Pietà, de Michelangelo, descobrimos que o artista tem o poder de revelar a beleza também através do sofrimento, ou ainda, quando observamos uma pintura da crucificação de Cristo, nos é revelado que diante da morte, o ser humano é capaz de demonstrar compaixão e sensibilidade. Em suma, a arte tem esse poder de conexão com o divino.

O Catecismo da Igreja Católica nos diz: “As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus. Daí que possamos falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor” (CIC 41).

São Tomás de Aquino descreve a beleza como algo íntegro, harmônico e com brilho e esplendor, algo que agrada os olhos.

De fato, os artistas têm essa missão, que é expressar a beleza através da arte, não somente através da pintura e da escultura, mas também da música e da arquitetura, e com estas experiências, podemos contemplar a ação de Deus na vida do homem.

São João Paulo II já afirmava: “Toda a forma autêntica de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do homem e do mundo. E, como tal, constitui um meio muito válido de aproximação ao horizonte da fé, onde a existência humana encontra a sua plena interpretação.”

Em tempos de mídias sociais, a beleza nunca se fez tão necessária, embora venha se perdendo em meio à volubilidade de conteúdos aos quais somos expostos diariamente. Isso tem causado uma ânsia no homem, e este só é capaz de parar para contemplar aquilo que é verdadeiramente belo, e o belo tem o poder de se conectar com o coração cada vez mais inquieto do homem.

Comunicação, Design e Beleza

Poderíamos dizer que design é a ciência que busca solucionar determinado problema. De acordo com o dicionário “design é conceber um projeto e seu planejamento”.

E como desassociar a funcionalidade da estética?

No caso do design gráfico, que é uma das áreas em que atuamos aqui na agência, a solução se dá através de elementos visuais como a identidade visual, tipografia, ilustração entre outros.

O homem tem a habilidade de se assemelhar a seu criador, quando cria um produto, uma obra de arte ou uma arte gráfica. Através das suas habilidades a sua criação comunica algo, e essa mensagem se conecta com o espectador.

Uma coisa não podemos negar, em todas as culturas existe um lugar para reverenciar aquilo que é sagrado e suas obras, e a beleza está lá.

Steve Jobs certa vez afirmou que o design é a alma das criações humana e São Tomas de Aquino diz que a beleza é a marca do que é bem feito, seja um universo, seja um objeto.

Quando a mensagem a ser comunicada na criação de um material gráfico, se trata da palavra de Deus, o criador, ou designer, se conecta de forma ainda mais profunda e a sua experiência pessoal se faz absolutamente necessária.

“Um pouco de perfume sempre fica na mão de quem oferece flores.” (Provérbio Chinês)

Na arte ou no design, o homem depositaum pouco de si em sua obra e em seu processo criativo. Como criatura, ele pode contemplar a Deus através do belo, e por meio dos dons, como a criatividade, ele tem a graça de, mediante seu olhar, transmitir o amor de Deus por nós.

Para Deus, podemos fazer sempre o melhor.

Referências:

Why Beauty Matters (Por que a beleza importa?) Roger Scruton
Catecismo da Igreja Católica

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